O Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá completou no mês de outubro um ano de atendimentos realizados pela equipe de Ortopedia Pediátrica no tratamento do pé torto congênito. Neste período foram realizadas mais de 340 consultas ambulatoriais especializadas (ortopedia pediátrica geral) e 43 cirurgias específicas do pé torto congênito para as crianças do Sistema Único de Saúde. Outras cirurgias também foram realizadas como: luxação de quadril, alongamentos ósseos de fêmur e perna, correções de deformidades por Tibia vara de Blount, escorregamento epifisário do quadril, artrite séptica, osteomielite, tratamento de tumores ósseos, doença de Legg Calvé Perthes e deformidades ósseas por doenças metabólicas, totalizando cerca de 75 cirurgias. Todos os pacientes são atendidos por equipe multidisciplinar, formada por 2 ortopedistas, residentes de enfermagem, psicóloga e assistente social. 

De acordo com as estatísticas 1 a cada mil crianças no mundo nascem com a deformidade. O tratamento é relativamente simples e custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No Hospital Geral, o tratamento para correção da síndrome ficou suspenso por um período de dois anos, mas tem um ano que o serviço foi retomado com força total pela equipe de ortopedia. No passado (2006 a 2014) existiu um convênio com a Secretaria de Saúde do Estado por intermédio do Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (CRIDAC) e o Hospital Geral, onde todas as cirurgias da ortopedia pediátrica eram realizadas no HG, pela mesma equipe: Dr. Miguel Alito e Dr. Paulo Spengler.

Os médicos especialistas responsáveis utilizam uma técnica simples e de execução rápida: técnica de Ponseti. “Na antiga técnica, o tratamento era demorado com várias trocas de gessos e as cirurgias eram mais complexas. Atualmente, no tratamento disponibilizado no hospital, após o uso dos gessos pela técnica de Ponseti é feito um pequeno corte na região distal do tendão gastrossolear (tendão de Aquiles), para que ele se alongue e o calcanhar se abaixe ", afirma o médico Miguel Alito, responsável pelo serviço na instituição.

Paulo Spengler destaca que o problema pode ser diagnosticado ainda durante a gravidez ou no momento do parto e, quanto antes à criança for tratada, maiores são as chances de recuperação do posicionamento normal dos pés.

No pé torto congênito os tecidos que ligam os ossos (ligamentos) são mais curtos que o usual em várias articulações , assim como músculos e tendões, causando alterações nas posições ósseas levando ás deformidades observadas.

Miguel Alito conta que a técnica de Ponseti consiste em correção das deformidades de forma gradativa, com manipulações suaves e substituição de gesso a cada semana, por aproximadamente quatro a seis semanas quando iniciado o tratamento após o nascimento. Após término dos gessos, em cerca de 90% dos casos, é indicada uma cirurgia simples, que se caracteriza pela liberação do tendão calcâneo, mais conhecido como tendão de Aquiles, e correção do calcanhar.

Em seguida, utiliza-se o gesso por mais três semanas, já com o pé em boa posição e, posteriormente, coloca-se uma órtese, que são duas botinhas ligadas por uma barra ajustável de metal (órtese de abdução ou férula de Dennis Browne). Neste momento, a criança, que já se encontra em fase de manutenção, é examinada a cada 30 dias. Este período pode durar uma média de três meses.

Atendimentos:
Os pacientes que precisam de atendimento pela Ortopedia Pediátrica devem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Após isso, serão encaminhados pela Central de Regulação, que agendará a primeira consulta no Hospital Geral para iniciar o tratamento. “Se houver necessidade de cirurgia, já solicitaremos para realização no próprio hospital”, explica Dr Miguel.

Fonte: Soraya Medeiros