Infectologista explica a importância do diagnóstico e tratamento da Hanseníase
O primeiro mês do ano traz mais uma ação voltada para a saúde: é o Janeiro Roxo, mês de conscientização sobre a Hanseníase. Uma doença infecto contagiosa, causada pelo Bacilo de Hansen, de evolução prolongada, que afeta a pele e os nervos periféricos do corpo humano.
A Hanseníase coloca o Brasil em segundo lugar em número de casos (perdendo apenas para a Índia), concentrando 90% dos registros nas Américas. No dia 27 de janeiro se comemora o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. A data é para reforçar o compromisso em controlar a hanseníase, oferecer o diagnóstico da doença e seu tratamento correto, bem como difundir informações e desfazer o preconceito.
A infectologista do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, Kadja Samara explica que a doença é endêmica, com o maior número de casos concentrados na região Norte e Centro-Oeste, seguido da região Nordeste do país. “A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pela actinobactéria Mycobacterium leprae. A doença afeta pessoas de diferentes faixas etárias e realidades socioeconômicas”.
Kadja informa que o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2020 aponta Mato Grosso como o estado com maior número de novos casos em 2019. Foram 3.731 novos pacientes diagnosticados no período. “É uma doença silenciosa, com manifestações clínicas tardias, após anos de doença. Por isso é tão importante o diagnóstico precoce para reduzir a transmissão e sequelas neurológicas”.
Os sinais e sintomas mais comuns são lesões: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, com redução ou perda de sensibilidade, sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades (pés e mãos), caroços/nódulos, ou ainda placas em quaisquer regiões do corpo. Outros sintomas são perda de força muscular, comprometimento nos olhos, nariz e boca.
Tipos e Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, além de exame para observar a presença de bacilos de Mycobacterium leprae.
Tratamentos
Atualmente, o Brasil adota um tratamento com a poliquimioterapia (PQT), uma associação de antimicrobianos recomendada pela OMS que deve ser feita em regime ambulatorial.
A Hanseníase tem cura, entretanto, exige tratamento prolongado para não desencadear problemas ao paciente ou a transmissão da bactéria para indivíduos de convívio próximo, por meio de contato direto com doentes sem tratamento, pois eles eliminam os bacilos por meio do aparelho respiratório superior. Atualmente, sabe-se que não há necessidade do isolamento dos indivíduos, pois o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece os medicamentos necessários para recuperação dos portadores da doença.
Fonte: Soraya Medeiros