Psicóloga reforça importância dos cuidados com a saúde menta

Crise de ansiedade, ataques de pânico e depressão, os diagnósticos têm se tornado cada vez mais comuns na população. Nos últimos dois anos, principalmente em função da Covid-19, a saúde mental foi pauta constante nos ambientes hospitalares e corporativos. 

As restrições impostas pela pandemia fizeram com que muitas empresas investissem cada vez mais em ações de conscientização e prevenção permanente junto a seus colaboradores para que eles cuidem da saúde mental, tão importante quanto a saúde física.

A psicóloga, Pâmela Rocha do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá (HG), destaca que falar sobre os problemas de saúde mental ainda é muito difícil, visto que é um tema envolvido por muitos tabus que precisam ser superados, além de envolver todos os campos da vida em sociedade, como o trabalho, direitos, relações, economia, entre outros. No entanto, todos os anos é feito a campanha Janeiro Branco. Esse ano a campanha está na sua 9ª edição com o tema: “O Mundo pede Saúde Mental”. 

A razão pela qual o mês de janeiro é o escolhido para a realização da campanha se deve ao fato de, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estarem mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais. É como se “em uma folha ou em uma tela em branco”, todas as pessoas possam ser inspiradas a escreverem ou a reescreverem as suas próprias histórias de vida.

O objetivo da campanha é chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas e das instituições humanas. A iniciativa também visa desmistificar os muitos tabus que envolvem o tema.
 
“Infelizmente a sociedade tende a tratar a saúde mental como fraqueza pessoal, falta de fé e outros estereótipos negativos que fazem com que muitas pessoas que estão em sofrimento não tenham coragem de admitir o que sentem e nem de pedir ajuda. No entanto, a campanha permite trazer à tona que a saúde mental é um tema importante para todos os indivíduos e merece atenção e cuidado todos os dias”, informa a psicóloga. 

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 12 milhões de brasileiros sofrem de depressão. O número é equivalente a 5,8% da população, colocando o país em segundo lugar no ranking americano (atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,9%). A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%).

Pâmela alerta que cuidar da saúde mental é cuidar do ser humano de forma integral. Ainda mais que nesses dois anos que se passou as discussões acerca do assunto atingiram níveis muito altos. Além disso, a importância da atuação dos profissionais da área foi fundamental para que a saúde mental ganhasse uma relevância no cotidiano das pessoas de uma forma nunca antes vista. A saúde mental virou alicerce de políticas públicas importantes em todo o mundo, mas ainda tem muito o que evoluir. 

“Para além dos diagnósticos, a saúde mental não pode ser pensada de forma reduzida a esta ou aquela forma de viver, ou a um estado de bem estar completo. Precisamos olhar para as condições de vida que permitem ou não que as pessoas vivam com saúde. Não é possível pensar em saúde mental sem acesso ao trabalho, educação, saúde, alimento, segurança, e à mínima estabilidade de condições de vida digna. E isso atinge as pessoas de diversas formas”, afirma a psicóloga. 

O cenário de pandemia acentuou o sofrimento psíquico na população provocado pelo isolamento decretado em função da pandemia. Fatores que influenciam o impacto psicossocial estão relacionados à magnitude da epidemia e ao grau de vulnerabilidade em que a pessoa se encontra no momento. A Agência Nacional de Saúde (ANS) advertiu, entretanto, que nem todos os problemas psicológicos e sociais apresentados poderão ser qualificados como doenças. A maioria será classificada como reações normais diante de uma situação anormal. Reações comuns diante deste contexto englobam sentimento de impotência e desamparo perante os acontecimentos, solidão, irritabilidade, angústia, tristeza, raiva, salientou a Agência.

De acordo com a ANS, a saúde mental provoca reflexos também na economia, constituindo causa de afastamento do trabalho e caracterizando muitas vezes a pessoa como incapaz. 

A psicóloga diz que as pessoas não devem sentir vergonha diante de uma saúde mental instável. “A ajuda profissional pode ser necessária, quando sentimentos e emoções negativas persistem ou causam dificuldades nos relacionamentos, trabalho e autocuidado", aconselha. Assim, disseminar a empatia também no ambiente de trabalho, onde passamos muitas vezes a maior parte do nosso tempo, é importante para reconhecer, identificar e perceber quando alguém não está bem. “Quando encontramos espaço de apoio, é mais possível buscar saídas individuais e coletivas para o sofrimento mental”.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para os transtornos da ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos, não somente em janeiro mas todos os meses do ano. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) pode ser acionada em qualquer unidade de saúde, a partir do atendimento inicial e especificado pela equipe do SUS. Diante de uma urgência, é possível acionar o SAMU ou buscar a UPA mais próxima. “Fique atento a você e às pessoas ao seu redor. Se o diálogo e o acolhimento não forem suficientes, está na hora de procurar ajuda de um profissional especializado”, finaliza Pâmela.

Para acesso aos serviços disponíveis na RAPS, acesse o link: https://aps.saude.gov.br/smp/smprasredepsicossocial

Fonte: Soraya Medeiros

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